TIMIDEZ:COMO A DIAGNOSTICAR?
"Precisamos aprender que todo e qualquer distúrbio psíquico é em grande parte fruto das relações sociais vigentes, e a timidez nada mais é do que uma espécie de" obelisco "visível a todos da essência de nossas relações comunitárias".- ANTONIO CARLOS -PSICÓLOGO.
O entendimento pleno da questão da timidez passa necessariamente pela análise não apenas de determinados comportamentos, mas, sobretudo pelo impacto dos mesmos na estrutura psíquica individual e coletiva. Pensar em timidez é o mesmo que se falar da "ausência'' em todas as esferas da participação emocional de determinada pessoa. O tímido não apenas se priva de oportunidades de prazer pessoal, mas também bloqueia qualquer ação no sentido do apoio ou ajuda à alguém. Todas as oportunidades de aproximação são sistematicamente sabotadas, sendo que ele próprio não se sente o sabotador, justificando sua falta de atividade pelo tédio constante que sente a cada nova experiência.
Podemos dizer que o tímido é o retrato vivo de como nosso cotidiano está despojado de sentido e plenitude, restando apenas uma rotina privada totalmente submersa na desconfiança e medo.
O pavor de novas decepções é patente na timidez, resta definir sua origem. Fica claro que uma determinada pessoa desconfiada sempre carrega o medo de ser explorada ou usada caso se entregue abertamente em determinado contexto de relacionamento. Porém, qualquer ser humano sob o temor da exploração é justamente aquela pessoa que quase não se utilizou de seu lado emotivo, temendo perder o pouco que considera possuir. Então seguindo a ordem do raciocínio, timidez sempre será sinônimo de carência ou falta de estrutura emocional para lidar com perdas. O tímido inverte no contexto emotivo a estrutura social de ambição e competição que todos aprendemos, optando pelo oposto; retraimento, fuga e ausência de motivação.
O problema máximo da timidez é a ligação profunda da mesma com a questão da solidão, pois ambas ressaltam justamente aquilo que mais falta para o preenchimento da alma humana, e infelizmente o tímido a cada dia está mais distante da solução do dilema apontado. Saber o que falta, para após desvalorizar ou não dar a importância à dita carência é a arma que o tímido usa para se evadir da sua responsabilidade emocional. Aliás, a essência máxima do egoísmo em nossa cultura é justamente quando uma pessoa se recusa a doar qualquer coisa de sua pessoalidade, justificando a não doação por sua baixa autoestima, pois a partir do momento que desvaloriza todo produto de sua personalidade, está ao mesmo tempo se eximindo da troca com outro ser humano.
O tímido é sem sombra de dúvida um radical, potencializando através de sua introversão a verdadeira natureza do isolamento que vivemos em nossas relações sociais, e principalmente a ausência de amizades genuínas.
Precisamos aprender que todo e qualquer distúrbio psíquico é em grande parte fruto das relações sociais vigentes, e a timidez nada mais é do que uma espécie de "obelisco" visível a todos da essência de nossas relações comunitárias.
Este breve estudo estaria totalmente incompleto se não refletirmos sobre as consequências sociais da timidez. Infelizmente se observa que ao invés de se atacar o problema de frente, vão se criando mecanismos de compensação ou defesa que mascaram a natureza real do processo citado.
Citando um exemplo extremamente atual colocaria a utilização da informática para solucionar questões emocionais,como exemplos: salas de bate-papo(chats); sites de namoro virtual, ou ainda a comunicação em tempo real- o icq. Notem que os instrumentos citados não podem ser considerados apenas facilidades de nossa era tecnológica, mas dão ênfase principalmente a pontos falhos ou carentes da emotividade humana.
Obviamente não será necessário dizer do interesse econômico mesmo diante de graves problemas psíquicos. Talvez estejamos frente ao maior dilema psíquico de nossa era, juntamente com a solidão, conseqüência direta de todo o processo citado.
Enfim como disse no começo deste breve estudo, temos de encarar a timidez não de um ponto de vista isolado, mas sobretudo como uma reprodução de toda uma gama de valores e comportamentos passados, sobretudo familiares, que a pessoa incorpora visando se defender a cada dia de um mundo que considera hostil, estando despreparada para seu convívio.
ANTONIO CARLOS ALVES DE ARAÚJO- PSICÓLOGO
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